segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Agonia... Eu Apenas Mando.

(Paulo Roberto)

De longe eu vejo quando os navios partem levando pólvora.
Armamento para uma guerra nuclear.
O Porta Aviões deixando a orla e carregando lágrimas abençoadas
Tranque suas portas e espere-os chegar.

De noite chamas correndo pelo barbante mergulhado em querosene.
A vela dança sobre o vazio do meu lar.
Puxe a cortina para que a luz da lua fique
Lá fora onde o vento faz soprar.

As bombas caem como gotas de orvalho virgem
Esburacando o chão que preciso pisar.
Escute o som da sirene, o chamado da besta
Entre em casa e a espere soar.

Mas e o medo que eu sinto quando a sirene toca?
O arrepio que corre a espinha quando desaba do céu?
A lua em véu. Um manto branco que enxuga
Teu sangue e de teu filho?
O cordão que irriga a vida?
As estrelas que iluminam teus pecados
Em fardos? As mãos que passam pelos olhos
Cegando teu escravo, teu bastardo,
Teu mais velho soldado que não sabe mais rimar?
É tudo pequeno demais para que você possa respirar.

Eu só tive medo de perder o que tinha feito.
Só tive medo de errar aquele tiro.
Você me disse que mirando eu acertaria.
Mas que porra de guerra é essa em que Ele está sentado?

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Tape os ouvidos! Haha, eu vos avisei...
Conte os ossos dos bandeirantes que partiram.
Tragam-me a cabeça do ditador.
Eu apenas mando, não é?

Subam as dunas e encontrem o que lhes foi pedido.
Tragam o ouro, as armas e o petróleo.
Armamento bélico para uma profunda graça profana.
Eu sou um soldado, soldado?

Por que você se queixa das regras que impus?
Você trabalha para pagar o que consome.
Você acha que é tão barato assim mantê-los batalhando?
Oh, horizontar-me-ei até que tuas preces sejam ouvidas.

Atire para matar.
Pare as máquinas, use o sol.
Deus, me entenda, eu preciso de poder.

...Eu só comando o que nasce do meu chão.
Eu só desejo o que eu posso obter.
Sou um soldado, Soldado?
Sou um soldado, Patife?
Sou um soldado, lacaio?

És o Demônio, Soldado.