segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Noite Do Caído

(Paulo Roberto)

Eu ouço as vozes dentro da minha mente.
Eu vejo as sombras pela janela quebrada.
Almas imortais dançando dentro de um corpo inocente.
Olhos vermelhos como a besta invocada.

A corda está quente e o nó apertado.
Os lábios secos e a pele queimada.
Suor escorrendo, corpo amarrado.
Pobre padre, pobre das chamas que o lambem.

Ritual maldito, dor latente.
Olhe para as chamas e ouça a pele ferver.
Feche os olhos e desenhe a cena.
Os gritos, os tambores, as músicas.

A carne está servida.
O jantar está delicioso.
As cinzas hoje são o tempero.
O vinho hoje não é o Sangre de Cristo.

Meu sangue.
Teu sangue.

Só a lua está branca esta noite.
Não posso ver além das capas.
Máscaras ridículas cujas feições são bestiais.
Asas agigantadas pelas sombras malditas.
Noite caida e regurgitada pelo demônio
Alma perdida e renegada nos campos.
Tambores rumbando como o coração do bode que comem.
Balaço certeiro na testa do espião.

Agora uma alma sozinha levita.
A marca ainda está na carne,
Lembranças ainda estão grudadas.
"Liberte-se e voe",
Sorria e morra de novo, amigo.

Só a lua está branca esta noite...
Só a lua está branca esta noite...
Noite caída e regurgitada pelo Demônio.
Tambores rumbando como o coração do bode que comem.