domingo, 15 de janeiro de 2012

Valsa Da Morte

(Paulo Roberto)

Eu vou lamber teu túmulo enquanto a chuva cai.
O céu ferrugem carregando a dor do véu caído enquanto a marcha rugia.
Eu era o pai, sabor do pecado, agulha perdida entre os oceanos.
Eu era a madeira que envolve teu corpo, a gota da vida, a cor dos teus lábios.

Eu carreguei a cruz com aroma de vinho.
Eu socorri teus filhos bastardos, setembro...
Eu construí a morada da tua esperança,
Eu lambi tuas pernas e dancei a valsa da morte.

Você morreu antes de poder chorar.
Teu salto quebrou antes do ultimo degrau.
Você estava imóvel quando minha cama foi tocada pela luz do sol
Mas a lua nos mostrou os passos, os movimentos e ensinou,
Morada sem vida,
Que o sorriso tem mais valor do que toda a dor.

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O tom violeta era propagado para fora de si.
A máscara, as penas e o tecido...
A luz no teto escuro, cheiro de flores secas no chão espelhado.

A música era alta, e as risadas...
Tudo estava claro como a neve.
Mas teus olhos eram cobertos,
E eu nunca soube o que havia ali.

Eu toquei tuas costas e teu cheiro me veio.
Eu caí em tua cama como um monstro.
Mas antes a noite seguiu, com teus passos curtos e sorriso sereno.

O relógio badalou por nove vezes,
Teus fios lisos e castanhos estavam imóveis.
Tua pele lindamente fria e tua voz, melodia encantada.

E a música agora era mais rápida,
O barulho da chuva era a camada para a dor.
O vestido em minhas mãos,
Minha boca e teus arrepios, a eterna dupla que se calou naquela noite.

Linda, velha feia. És tão bela...
Dance como a Besta dançaria,
Pule como o fogo faria,
Deslize sobre o palco como eu faria.

Morda e arranhe, beba e sugue.
Ouça meus pecados e peque comigo.
Viva para morrer esta noite.
Morra em meus braços, mas não me leve contigo.

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Eu vou lamber teu túmulo enquanto a chuva cai.
Eu lambi tuas pernas e dancei a valsa da morte.
Mas a lua me mostrou o inferno e me carregou até o salão.
Eu dancei por toda noite sem beber uma única gota.
Você me olhou e sorriu, com os pecados em desenvolvimento.
Agora ferva enquanto escorro.
Beba a vida, dance com a morte.
Deixe correr, deixe ir...

1, 2, 3, 4...
Deixe ir, deixe ir...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Manhã de Domingo

(Paulo Roberto)

Eu só queria rodar pela estrada fria
Com teus sonhos destinados para dentro do luar.
Quatro minutos e o céu será tingido com a lágrima tão bonita...

Como eu queria estar contigo neste dia,
Eu precisava por as mãos para me acalmar.
Como eu queria estar no alto deste mapa
Onde teus sonhos, esperando, vão brotar.

Sempre em frente, Som agudo.
Manhã de domingo.
Arrepios, céu profundo.

O marcador agora é exato.
O tempo está gargalhando sem parar.
Por que, Oh Deus...?
Por que é tão difícil esperar o sol começar a brilhar?

Onde está você, criança?
Por que demora? Por que não corre?
Como eu queria estar contigo, deitado.
Esperando tuas mãos me cobrirem de graça.

Sempre em frente, estrada escura.
Manhã de domingo...
Durma serena, como um anjo.

Corro para o interior das nuvens,
Vôo para o lar da chuva.
Profecias seladas, caindo, sem mais brilho.
Use teu cheiro para enfeitiçar.
Caindo, a grama é tão falha...

As estrelas, onde estão?
Por que você não está entre elas?
Eu não posso mais olhar para teu brilho.
Corra para o meu mundo.
Eu estarei lá.

Onde está o prazer de guardar
As imagens como elas devem ser?
Onde está o prazer de cantar?
Traduzir para a música
O que meu coração diz quando pulsa...

Do que adianta chorar?
Você não está aqui para secar minhas lágrimas.
Siga em frente, minha criança.
Toda a estrada é tua.

Sempre em frente, som agudo.
Manhã de domingo...
Durma serena, céu profundo.