domingo, 17 de junho de 2012

Nada Além da Redenção


(Paulo Roberto)

Rastejando sob a ponte eu canto para afastar o frio.
Você veste roxo e caminha sorridente enquanto acariciando tuas mãos ele te beija.
Cobre enferrujado sob os pés que lhe sustentam.
Ferrugem em meus olhos, dor que infesta o coração.

Grita a alma que sofre calada vendo o brilho em teu olhar.
O relógio está parado quando teus sonhos começam a voar.
O que significa a fome, o que significa a sede?
Não há lenha para queimar, não a fogo para me acalmar.

Alimente os vermes da esperança que dançam em minha aura.
Jogue mercúrio nesta água pura e lave meus olhos com ela.
Eu consigo sentir teu cheiro mesmo  abaixo da linha da vida.
Você consegue sentir meu cheiro quando fecha os olhos e sonha?

Nada além da redenção é o que existe neste papel.
Desenhou tais letras para necrosar a alma.
Deitarei com ferrugem enquanto a água canta comigo.
Solidão eterna e fria, sinto-me parte do chão.