segunda-feira, 21 de março de 2011

Inflame

(Paulo Roberto)

As luzes estão vindo, são borrões de calor.
Não vejo o asfalto, é como um oceano sem cor.
Estou sorrindo, sorvendo a dor.
Correndo livre, ouço o vento começar a gritar,
Ele pede...

Ouça o motor, os pneus cantando.
Mais álcool caindo, você sente o cheiro do prazer.
Escuto o coração tamborilar pelo peito.
Tire a roupa, meu amor a noite vai ser boa.
Ah, vai...

Sorria, você pede que eu corra em vão.
Desfrute do pecado que tem nas mãos.

Abra a janela, deixe o cabelo voar.
Molhe os lábios, aqueça o meu motor.
Mais um gole, mais um sorriso.
Lubrifique meu câmbio mas não deixe-me soltar o volante,
De novo...

Sorria, você pede que eu corra em vão.
Desfrute do pecado que tem nas mãos.
Não deixe que nenhum pano cubra teu corpo.
Sorria...
Desfrute...

Ascenda as luzes, eu preciso brilhar.
Mais um gole de Gin, lamba o que está sobre mim.
Sentindo arrepios, te fazendo vibrar.
Não seja tímida, vá a 100km/h em dois segundos.
Oh, Deus...

Sorria.
Desfrute...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Tão Confuso...

(Paulo Roberto)

Amarre o tempo.
Aprisione o vento.
Roube-me as dores.
Oh, dores...

Queime a comida.
Morda minhas feridas.
Lamba meus lábios.

Desenhe com agulhas.
Tempere-me com fagulhas.
Cole minhas pálpebras...
Cole...

Não posso ver teus pequenos olhos.
Você sorri mas não atrai.
Coma a maçã, meu amor.
Eu escrevo meu próprio obituário.

Rasteje pelas folhas.
Coma, beba, cuspa e dance.
Oh, uva doce...

Ruiva criada.
Arranque a carne que te aperta.
Morra cansada.
Tão frágil...

Assine no fim da página.
Corra para o portão.
Julgue-me.

Corte os pulsos e contemple
Tuas feridas para degustar...
Coma a maçã, meu amor.
Eu escrevo teu próprio obituário.

Use tuas mangas para estancar
Costure tua sorte.
Coma a maçã, meu amor.
Arranque os cabelos tão belos...