sábado, 30 de abril de 2011

O Canto Das Almas

(Paulo Roberto)

Eu cresci em teus campos banhados de azul,
Eu caí nas mentiras do teu pai.
Eu ouvi os teus contos e cantei tuas canções.
Eu sonhei, eu sonhei.

Eu socorri os teus feridos, costurei tua carne.
Eu caminhei entre mortos cegos.
Eu dormi com teu manto e acordei com o teu sangue.
Eu cantei, eu cantei.

Você sorriu e entregou as chaves para o servo,
Você pecou dentro da Santa Casa.
A cruz vermelha que carrega está pesada, nobre?
Dentro de mim todo o pão vira pó.
Olhe no espelho e veja o fim dos tempos em teus olhos.
Olhe no espelho e veja o rosto sem cor.
Você caiu nas graças do caído e lá no fundo
você sabe que teu futuro é a dor.

Eu aqueci teus pés imundos após a batalha,
Não recebi o perdão.
Você me deu um lindo sentimento, nobre e vão.
Você caiu sem poder o reflexo da besta refletido no chão.

--------------------------------------------------------------------------

Correndo pelos vastos campos de neve,
Expelindo o prazer com os gritos.
Mais um sem vida, mais um pescoço.
Deixe-me misturar com teu sangue?
Corra, carneiro, meu Deus te criou.
Corra, carneiro, teu pai lhe negou.
Sinta a foice da morte rasgar
Veias, pele, o que mais encontrar.

Você ouve o canto dos pássaros voando?
Você ouve o sino do sono chegando?
Você bebe do aço que carrego em punho
e eu sirvo teu povo com muito prazer.

O canto das almas, o grito da dor.
A benção da chuva, teus lábios sem cor.

Eu acordei em teu leito, ex-virgem, devotada.
Você me deu teu corpo?
Sente a morte tocando teu seio?
Tuas pernas ficando mais quentes?
Corra, criada, eu te toquei.
Corra, criada, eu já desfrutei...
Sinta meus dentes em tua carne
Sinta meus dedos entre tuas pernas.

Você ouve o canto dos pássaros voando?
Você ouve o sino do prazer soando?
Você bebe meu corpo e aprecia a noite
Você pede a Deus mais uma noite em meu leito.

O canto das almas, pobre pecadora.
Dança do pecado, teus lábios sem cor.

Sol despertando entre o vale negro.
Corpos ao leste, General.
Use teus homens para conter
O avanço da tropa de Brehta.
Corra, carneiro, o tempo é vermelho.
Corra, carneiro, esqueça as preces.
Sinta as mãos de teu anjo me tocando,
Usando o corpo para agraciar.

Você ouve o canto das almas cantando?
Você ouve o sino do sono chegando?
Você bebe meu corpo e aprecia a noite
Você pede a Deus mais uma noite em meu leito.

O canto das almas, o grito da dor.
A benção da chuva, teus lábios sem cor.

--------------------------------------------------------------------------

Eu cresci em teus campos sagrados.
Eu menti para o Pai.
Eu cantei a melodia das almas.
Eu dancei com a morte.

sábado, 23 de abril de 2011

1

Não importa onde, não me queixo do tempo.
Eu poderia estar perto, mas você nunca esteve longe.
...e tocar teu rosto, perder meus sentidos em teus olhos...
Sou teu, só teu, aqui, pra sempre.