(Paulo Roberto)
Eu ouço as vozes dentro da minha mente.
Eu vejo as sombras pela janela quebrada.
Almas imortais dançando dentro de um corpo inocente.
Olhos vermelhos como a besta invocada.
A corda está quente e o nó apertado.
Os lábios secos e a pele queimada.
Suor escorrendo, corpo amarrado.
Pobre padre, pobre das chamas que o lambem.
Ritual maldito, dor latente.
Olhe para as chamas e ouça a pele ferver.
Feche os olhos e desenhe a cena.
Os gritos, os tambores, as músicas.
A carne está servida.
O jantar está delicioso.
As cinzas hoje são o tempero.
O vinho hoje não é o Sangre de Cristo.
Meu sangue.
Teu sangue.
Só a lua está branca esta noite.
Não posso ver além das capas.
Máscaras ridículas cujas feições são bestiais.
Asas agigantadas pelas sombras malditas.
Noite caida e regurgitada pelo demônio
Alma perdida e renegada nos campos.
Tambores rumbando como o coração do bode que comem.
Balaço certeiro na testa do espião.
Agora uma alma sozinha levita.
A marca ainda está na carne,
Lembranças ainda estão grudadas.
"Liberte-se e voe",
Sorria e morra de novo, amigo.
Só a lua está branca esta noite...
Só a lua está branca esta noite...
Noite caída e regurgitada pelo Demônio.
Tambores rumbando como o coração do bode que comem.