(Paulo Roberto)
Longe de casa eu divago por metáforas.
O fruto doce está tão longe e a fome me devora
Enquanto a flor dourada seca sem pólen.
Cada gota que desce vertiginosa pelas rugas
É um grito virgem de arrepio enjaulado.
O mesmo céu que vejo é o mesmo céu que reflete minha terra?
Eu não aguento mais o peso destas bombas...
A cada passo o medo impregnado de não viver.
Eu respiro por tubos e vermes.
Minhas pernas não podem me levar para onde quero ir.
...e as rodas não tem horário para partir.
Sonho com o cheiro da grama quase toda noite.
Neste lado do rio a terra é toda seca.
E o brilho da lua da que me banhava todas as noites?
Agora é morto como o rio que não corre.
Sinto saudades do conforto do colo do dia.
Sinto saudades do sorriso das árvores.
E agora, aqui, jogado, não existe direção.
Sei que meu coração está plantado com teus grãos.