domingo, 9 de agosto de 2009

Cale-se!

(Paulo Roberto)

Por que eu tenho que me curvar diante de um Rei que eu não escolhi?
Por que você me mandou para a guerra para lutar por algo que não acredito?
Por que você nos mandou lutar se você está bebendo um Gim barato sentado em teu trono sarnento?
Por que não ergue a espada que leva contigo junto ao corpo cheirando a porcos?
Líder covarde escondido num castelo de tijolos roubados, areia de nossas janelas e pedras de mentiras...
Serenata particular nos cômodos baixos do castelo...
Você canta nos ouvidos dos pobres famintos.
Você, como uma galinha, nos ouvidos de mães sem teto.

Nós aqui.
Morrendo nos campos,
Enlouquecendo nos desertos, o sol torrando nossos cérebros...
Comendo raiz.
Bebendo lama,
Sonhando com uma cama...
O peso das armas amaldiçoadas que carregamos além dos nossos.
O arder penetrante das balas enferrujadas com as lágrimas da virgem morte...

Balas que eu fincarei na artéria podre que ainda jorra teu sangue podre.
Sangue que corre em tuas veias entupidas de pecados e insanidades.

Eu vou voltar e olhar teus olhos.
Você irá curvar teu lombo diante de mim.
Suplicar para que eu não tente matá-lo por algo que não acredito.
Oferecer-me o melhor vinho de tua adega empoeirada.
Deixar cair tua espada que você só usa para fatiar cenouras.
Costure tua boca e cale-se!

2 comentários:

  1. Bom! Mas, pra que tanta violence? :D

    ResponderExcluir
  2. Sei lá... Eu não penso muito quando escrevo. Apenas vai saindo. As vezes com mais intensidade do que deveria.

    ResponderExcluir