(Paulo Roberto)
Você bateu as asas,
Voou para longe.
Lágrimas encheram meus olhos.
Você tocou meu ombro e disse que era hora.
Não havia nada mais a fazer.
Você me olhou de cima,
Sorriu para o sol.
Finalmente estava livre.
Você pensou nos momentos, suspirou sem medo.
Nada mais estava a sua frente.
Eu caí de joelhos,
A cruz colada em meu punho...
Teu nome em minha nuca.
Você gritou para a libertade e eu senti a foice gelada.
Quantas mais orações eu preciso fazer?
Faça-me perdoar todas as vezes em que você saiu pela noite sem dizer onde estaria.
Faça-me perdoar, mas por favor, não volte.
...Amarrou-me com teus cabelos e rasgou minha vida com os dentes.
Você teve nas mãos o cálice de sangue.
Gole d'ouro adocicado.
Corri para as correntes quentes do inferno.
Tuas asas já estavam no chão.
Preciso voltar a voar pela noite, correndo pela areia, sorrindo para as flores.
Faça-me perdoar, mas por favor, não volte.
...Amarrou-me e sugou todo o sentido de viver.
Peque, Santo.
Santifique o pecador.
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