domingo, 27 de novembro de 2011

Gotas De Dor

(Paulo Roberto)

Eu sou a rosa perfumada que te toca
O vento noturno que move teu olhar.
O cheiro doce que teu travesseiro tem,
O lírio entre os lobos,
O som do amor.

Você é o espinho do caule magro.
A dor da morte,
A figa da vida,
O pêssego envenenado.
Criança da lua,
Demônio amaldiçoado.

Leve-me para o inferno.
Gotas de dor em teus lábios.
Grite por prazer e morda minhas coxas.
Beba a vida e drene meu sangue.

Eu sou a chuva que corre
A vida tecida com agulhas ensangüentadas.
Eu sou o anjo que te acompanha,
Besta faminta, pobre criança.

Você é a dor, o tridente e o trono.
O Cálice de Vinho e o sino que nunca toca.
Maçã avermelhada, pele ferida.
Tarde sem fim.
A areia da ampulheta que nunca desce.

Leve-me para casa.
Lágrimas de dor em meus olhos.
Grito de pavor enquanto limpa minhas feridas.
Lamba minha pele e sugue meu calor.
Voando baixo, para o alto das montanhas.
Somos o som do mar e do leito.
Mãos amarradas e corpos colados.
Pulse comigo em cada coração vivo.

Grite comigo e sorrirei para ti.
Grite enquanto canto.
Case-se com a solidão e eu encontrarei a estrada.
Você será solitária como as gotas...
Um por um, um por um...
Deixe na memória o que eu fui.
Você rasgou meu peito fraco.
Deite-se sobre ele e ouça o silêncio.

Sou a beleza em cada olhar,
Tu és a dor em cada lágrima.
Somos a construção do tempo sobre um solo fértil.
Somos o céu noturno e o mar revolto.

Sou a besta que é consumida pela dor.
És o anjo que machuca minha alma.

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