domingo, 6 de novembro de 2011

Rastros De Linha

(Paulo Roberto)

Olhe para mim, senhorita.
O que sente?
Meu sorriso é retribuido com zelo.

Pisque teus olhos apenas mais uma vez.
Apenas mais uma vez...
Não deixe o sorriso morrer.

Mate-me antes que tua lágrima escorra.
Fere quem te dá tudo o que precisa ter.
Aqui está agulha e aqui está a linha.
Use-as para nos costurar.

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Fio por fio, você rasga o que costurou.
Você colhe de outro acre o que planetei em ti.

Você teve medo de se entregar, você teve medo do conforto dos meus braços.
Você teve medo do que meus lábios poderiam fazer,
Você teve medo do que meu toque poderia custar.
Você temia a angústia da perda... Mas você nunca teve nada.

Pensamentos regados de dor e desejo,
Fantasias maníacas com meu corpo a cada noite.
Rasgue minha carne outra vez, Inocência.
Você esqueceu minhas palavras, meu olhar e minha dor.
Atue como naquela tarde tão quente, em que teu vestido, grudado,
Era tão pesado quanto tua dúvida.
Decore um texto tão ridículo quanto aquele...
Teu lábio queima.

Queime todas as memórias.
Não existem fotos, apenas fatos.
Recolha os rastros de linha
Espetarei as agulhas em tua cruz.
Carregarei comigo o cheiro da inocência
E o sabor da desgraça.
Teu lábio queima.

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