(Paulo
Roberto)
Olhar vago, admirando a parede
desenhada...
Veja meus sonhos pintados.
São só planos. Eu não vivo.
Eu vejo o brilho do papel sendo
queimado.
Todos os passos da dança do meu
coração...
Tudo é cinza, tudo é pó.
Oh, agora... Onde está a esperança
agora?
Caia sobre minhas costas e me
envolva.
Esperando sozinho, frio lambendo
os ombros.
Eu deveria estar sorrindo com um
copo gelado nas mãos.
Eu deveria ter lábios rolando por
meu pescoço.
Eu deveria pintar o teto e cantar
para a manhã.
...Mas não tenho mais criatividade
além do cansaço e das dores vãs
Estou morto para o ar fresco que corta os campos em vossas terras.
Estou caído numa cela imunda...
Tulipas entre as grades estão nascendo de dentro das cordas.
Ouço o mar contando piadas para a lua.
Ouço a lua compondo uma canção de ninar.
Ouço as estrelas aprendendo a melodia nova.
...O pobre vento me faz sofrer.
Não consigo mais contar às linhas que restam nesta página.
As lágrimas estão escorrendo pelas algemas.
Ainda inerte no chão...
Estarei semeando o grão da vida que você está plantando.
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