domingo, 14 de abril de 2013

Grão

(Paulo Roberto)

Olhar vago, admirando a parede desenhada...
Veja meus sonhos pintados.

São só planos. Eu não vivo.

Eu vejo o brilho do papel sendo queimado.
Todos os passos da dança do meu coração...
Tudo é cinza, tudo é pó.

Oh, agora... Onde está a esperança agora?
Caia sobre minhas costas e me envolva.
Esperando sozinho, frio lambendo os ombros.
Eu deveria estar sorrindo com um copo gelado nas mãos.
Eu deveria ter lábios rolando por meu pescoço. 
Eu deveria pintar o teto e cantar para a manhã.
...Mas não tenho mais criatividade além do cansaço e das dores vãs

Estou morto para o ar fresco que corta os campos em vossas terras.
Estou caído numa cela imunda...
Tulipas entre as grades estão nascendo de dentro das cordas.
Ouço o mar contando piadas para a lua.
Ouço a lua compondo uma canção de ninar.
Ouço as estrelas aprendendo a melodia nova.
...O pobre vento me faz sofrer.

Não consigo mais contar às linhas que restam nesta página.
As lágrimas estão escorrendo pelas algemas.
Ainda inerte no chão...

Estarei semeando o grão da vida que você está plantando.





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