quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Âmago

(Paulo Roberto)

Eu tenho sido o galho quebrado numa floresta de glórias.
Eu sou o cetim de um exército de espadas e flechas.
Eu sou o gato calado em meio a leões famintos.
Eu sou o ser que dança no ritmo do ar.
Eu sou a melodia aveludada compondo tua canção de ninar.
Eu sou o grafite fino que desliza em teus dedos,
Eu sou a alma além do corpo que consegue ignorar.
Eu sou vida, beleza, caladas para o tormento
dos dias descoloridos que consegue pintar.

E se eu fosse uma lembrança?
Você pensaria em mim ao acordar?
Pensaria em nós antes de continuar?
Gelo sobre meus ombros...

E se eu fosse a lua?
Se não houvesse luz em mim?
...Se refletisse apenas o que me dá?
Sou o coração que ninguém ouve bater.

Sou o anjo que te carrega no colo.
Sou o grito que te faz perceber o erro.
Sou o amigo esquecido que ainda sorri.
Sou o leite, o pão e teu chão ao amanhecer.

Sou o ultimo da lista, o primeiro deixado para trás.
Sou teu olfato, tua atenção e condição.
Sou teus valores, tuas crenças e diversão.
Sou tudo que lhe é secundário, mas sou tudo que forma teu coração.

Sou calado, sentimental e desejo viver.
Sou tomado por medo, aflição e agonia quando ouço o silencio bater.
Sou formado por imaginação, amor e fé.
Sou a criança que precisa trabalhar, sou a criança que ainda quer ser feliz.

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