quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Entregue-se

(Paulo Roberto)

Feche os olhos, minha criança, ouça o que direi.

Sinta o vento frio relaxar teus ombros belos.
Deixe que a lua banhe teu rosto inundando o olhar que ostentas.
Sorria para mim,
Deixe que teu ar puro me traga o bem.

Oh, como queria poder abraça-la junto ao medo que sinto,
Inocência quebrada pelo desejo que cai sobre as costas.
Canção de ninar para o mundo revolto, meu coração fraco enquanto queima e grita.

Toque meu peito, escute o que corre,
Minhas veias tecem as palavras que escrevo agora.
Deixe que o vento lhe traga aromas,
Deixe meu perfume lhe tirar o sono.
Beije... Deixe as ondas marcarem o Ritmo.
Deixe a areia lhe tirar as forças.
Chuva que cobre a alma, Oh, Deus...
Segure-se em meu pequeno corpo.

Noite após noite, sonhos e mais sonhos,
Saudade pingando pelos olhos e correndo livre.
Apenas um garoto desejando ter
Apenas um sorriso desejando ver.
Beije... Deixe meu céu ser teu chão.
Deixe queimar o que deseja em vão.
Mostre-me o sabor do pecado.
Segure-se em meu corpo tão frágil...
Morda. Deixe o interior gritar.
Deixe teus poros exalarem o desejo.
Esqueça tudo o que passou.
Viva outra vez.
Queime comigo enquanto a noite respinga.
Sinta comigo o que a insanidade cria.
Cante para as estrelas que guiam, meus sonhos,
Morda-me outra vez...

Preencha lentamente as lacunas da voz,
Sugue com teus olhos tudo o que vive em mim.
Abrace-me e esqueça que tem um medo,
Crie outra face para poder crer.

Apenas deixe.
Deixe para o mundo o que ele precisa ter,
Deixe para a noite os aromas frios.
Deixe para um pobre sonhador que o desejo continue vivo
Em teus olhos quentes.

Fale. Diga tudo o que precisa dizer.
Eu já disse o que devia entender.
Entregue-se a carne que peca
Por desejos e sonhos.

...Deixe outra vez.
Morda novamente.

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